quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

“Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura…
Essa intimidade perfeita com o silêncio…
Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado de pequenos absurdos,
essa capacidade de rir à toa.
Resta essa distração, essa disponibilidade,
essa vagueza de quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser.
Resta essa faculdade incoercível de sonhar,
de transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade de aceitá-la tal como é,
e essa pequenina luz indecifrável a que às vezes os poetas dão o nome de esperança.
Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto,
esse eterno levantar-se depois de cada queda, essa busca de equilíbrio no fio da navalha,
essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo infantil de ter pequenas coragens.”

(Vinícius de Morais)

Nenhum comentário:

Postar um comentário